sexta-feira, 30 de setembro de 2022

30DV - Revisão

E, tendo chegado ao fim destes 30 Dias do Aliado Vegetal, a que conclusões chegamos?
Como já disse anteriormente, foi uma experiência particularmente intensa intensa de imersão no mundo particular da Amoreira, um reforçar dos laços entre nós, e uma verdadeira educação sobre como se aproximar da planta em todos os níveis; como prática didática, eu recomendaria a todos os Vates ou outros seguindo caminhos com ênfase no herbalismo como um processo onde inevitavelmente a pessoa sai da experiência sabendo, fazendo e sendo mais do que antes de ter entrado no desafio.
E vocês, o que acharam, quando tentarão fazer os seus 30DV?

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

30DV - Valores do Herbalista

O tema de hoje é central, no sentido de que se eu fosse fazer outra jornada dos 30DV com outra planta (e isso não está fora de cogitação) eu repetiria o mesmo texto a cada vez, desde que não há motivos para os valores da prática do herbalismo serem diferentes a cada planta estudada.
Dito isso, eu começaria pelo aspecto ambiental/ecológico: o bom herbalista procura manter o equilíbrio do ambiente onde colhe suas plantas, não poluindo o local, não danificando as plantas no processo da colheita, deixando sempre uma parte sem colher para usufruto dos seres do habitat (incluindo outros herbalistas!) e fazendo uso integral so que colheu, sem desperdiçar nada, e sempre que possível retribuir ao ambiente, seja devolvendo a matéria descartada da planta após seu processamento, seja periodicamente fornecendo água e/ou adubo ao local.
Outro aspecto é o espiritual: o bom herbalista participa de uma visão de mundo animista, onde as plantas são pessoas de direito e que devem ser respeiradas como tal; criar hábitos como o de pedir licença às entidades do local antes de entrar no ambiente, pedir permissão à planta para colher o que precisa (e explicando o que pretende fazer com o que colheu), deixar periodicamente oferendas de agradecimento pelo auxílio prestado, meditar frequentemente nos aspectos psíquicos da planta e estabelecer relacionamentos recíprocos com ela, ao invés de considerá-la uma mera fonte de matéria prima, e procurar ter em mente a essência viva da planta durante o preparo dos medicamentos, a serem considerados aspectos manifestados da entidade-planta em vez de meros compostos moleculares frios e sem vida.
E por fim o aspecto social: o bom herbalista percebe a si mesmo como membro de um meio social com o qual está em interação constante, e ao qual serve com sua arte e ciência: é seu dever manter-se atualizado com boas práticas e procedimentos, ter sempre em mente o bem-estar das pessoas que a ele recorrem, partilhar com elas não só o conhecimento das ervas mas também a responsabilidade e as decisões sobre a melhor conduta a cada caso, e lembrar sempre que elas também são entidades tanto espirituais quanto materiais, que não basta dizer "tome este chá, volte em 2 semanas" sem tentar entender os processos que levaram a doença a se manifestar e ajudar a pessoa a entendê-los e ser participante ativa do processo de cura.
E encerro com este blog, que acho que vocês vão gostar ;-)

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

30DV - Pessoal

Hoje é o dia mais subjetivo dos 30 Dias, porque implica em avaliar a mim mesmo (aquela pergunta que eu gosto de fazer a quem completou outros desafios, " o que mudou, o que continua o mesmo?")
Descobri que é realmente divertido ir atrás das informações requeridas a cada dia, e ver o que vou aprender nesta etapa; nas partes mais práticas, o desafio é encontrar tempo suficiente para realizar as tarefas no dia em questão, como quando fiz a tintura de amora no que seria um dia astrologicamente inadequado.
Eu me vi muito mais consciente das amoreiras presentes nos meus ambientes naturais, e isso levando em conta que eu já tinha uma relação próxima com ela antes deste desafio.
E descobri que incluir o chá de amora no meu dia-a-dia faz sentido, levando em conta todas as suas propriedades naturais e sobrenaturais.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

30DV - Experiência

O ideal seria que eu passasse pelos procedimentos aqui descritos neste mesmo dia, mas isso não será possível, exceto em parte, então faremos o que der.
Uma experiência ideal de imersão na Amoreira e seus dons começaria com um café da manhã com geléia de amora no pão e uma xícara de chá de amora, com suco de amora e folhas de amora refogadas no almoço, mais chá de amora para arrematar; outra dose de chá à tarde, talvez mais pão com geléia de lanche; e no fim do dia, após a última xícara de chá depois do jantar, uma defumação de folhas secas de amora e um banho de folhas frescas para fazer a limpeza dos eflúvios do dia, algumas gotas de tintura de amoreira tomadas com água, uma breve meditação (incluindo os nomes e a poesia associada) e dormir com um talismã de folhas sob o travesseiro - desafio quem fizer isso a NÃO sentir nada nesse contato intensivo com o espírito, o corpo e a alma da Amoreira!

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

30DV - Canção/Poema

Muita gente recebeu a Inspiração sob os galhos da amoreira, e o poema acima é um dentre inumeráveis deles; pesquisando, encontrei referências a uma cantiga de roda da Inglaterra vitoriana que, como tantas delas, tem origens meio sombrias -- pessoalmente, eu gosto de formas mais curtas, como o haiku:
mas não posso deixar de lembrar da poesia absurdista e lírica de Edward Lear:
e, embora eu tenha uma queda por limericks, não encontrei nenhum sobre amoreiras, então só me restou escrever um:

Havia um sujeito, lá em Madureira,
Que só tecia louvores à amoreira -
     "Boa sombra, fruta saborosa,
     Folha medicamentosa,
És minha paixão da vida inteira"

Disse, à amoreira na China,
O bicho-da-seda: "Menina,
     Se você me acompanhar
     Através de terra e mar,
Reinará em cada esquina
"
       

domingo, 25 de setembro de 2022

30DV - Talismã

Eu incluí a minha vara cerimonial na foto, mesmo tendo sido criada anos atrás, porque é de um ramo reto de amoreira, colhida na fase lunar e na hora planetária adequadas, escurecida com betume, polida com cera de abelha natural e adornada com a dupla serpente em fio de cobre - simples e eficaz, tem me prestado bons serviços nestes anos todos.
Mas, para ser fiel à proposta dos 30DV, decidi fazer um talismã herbal, com um saquinho feito de fita de seda púrpura, recheado com folhas de amora, amarrado com fio de lã natural verde e devidamente conjurado na hora de Mercúrio, para manifestar os poderes gerais da amoreira; usei o Nome na consagração, e os Oráculos foram favoráveis: vou testá-lo como incubador de sonhos, e depois eu digo como foi.

sábado, 24 de setembro de 2022

30DV - Escrever Fonte Médica III

(Cont.)
MAGIA: proteção contra relâmpagos, cura, contato com os mortos (positivo), proteção contra os mortos (negativo), fortalecimento da vontade, madeira serve para fazer instrumentos mágicos 

ASTROLOGIA: planeta Mercúrio, elemento Ar 

CONTRAINDICAÇÕES: uso concomitante de hipoglicemiantes, gravidez, alergia a figo (reação cruzada)

INTERAÇÕES: hipoglicemiantes (possível crise de hipoglicemia), midazolam (retardo da metabolização com prolongamento do efeito)

DOSE: 1 colher de sopa de folhas secas para 1-2 xícaras de água fervente, 3 a 6 xícaras por dia 

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

30DV - Escrever Fonte Médica II

(cont.)
PROPRIEDADES: hipoglicemiante, hepatoprotetora, antibiótica (frutas), antiinflamatória

USOS: diabetes, hepatopatias, lesões de boca e garganta, redução de colesterol e triglicérides

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

30DV - Escrever Fonte Médica I

AMOREIRA

NOME CIENTÍFICO: Morus spp (64 espécies, sendo Morus alba, Morus rubra e Morus nigra as variedades mais disseminadas)

HABITAT: nativa da China, atualmente em toda a zona temperada e subtropical

CULTIVO: solo profundo, com bom conteúdo orgânico e boa retenção de umidade mas sem excessos, boa exposição à luz solar, irrigação apenas se a terra estiver seca; poda dos ramos no começo do Inverno

COLHEITA: início da Primavera (frutos), período antes e depois da poda (folhas)

PARTES UTILIZADAS: folhas, frutos, eventualmente a casca dos galhos

SABOR/AROMA: levemente doce com fundo amargo (infusão das folhas), doce com fundo azedo/adstringente (frutos)

FARMACOQUÍMICA: compostos fenólicos, estilbenos, flavonóides, antocianinas, cumarinas, cromonas, carotenóides, isoprenilados e xantonas, rica em ferro, cálcio, magnésio, vitaminas C, A, K e fibras

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

30DV - Ler Nova Fonte Médica

...bom, decidi que daria uma segunda chance ao Culpeper: pelo seu tratado, amoras secas cessam fluxos excessivos, a casca trata vermes, em especial a tênia, o xarope do suco trata aftas e outras lesões de boca e garganta, o suco espremido das folhas é antídoto para veneno de cobra e acônito, as folhas maceradas no vinagre aliviam queimaduras, chá de casca e folhas trata dor de dente, as folhas frescas detêm sangramentos de nariz e boca, e, como já vimos, "o ramo colhido na Lua cheia, amarrado ao pulso da mulher com fluxo menstrual excessivo, faz com que este cesse logo" -- quero deixar claro que pelo menos mais da metade dessas indicações é ultrapassada e não deve ser levada a sério, e que o valor do Culpeper para a história da medicina foi o de abrir o caminho para a exploração do potencial curativo da farmacopéia herbal, então tenham bom senso e usem soro antiofídico do Butantã em caso de acidentes com cobras, tudo bem?

terça-feira, 20 de setembro de 2022

30DV - Nome Pessoal

O desafio hoje é mais complexo: criar (ou descobrir?) um novo nome para a amoreira, um nome pessoal, a ser usado em ritos de cura e magia, que expresse algo de sua natureza essencial. 
Acabei decidindo duas abordagens, um nome "secreto" e um título público - para o nome, eu peguei o nome do gênero, Morus, e usei meu código numerológico baseado no Ogham (algo com o que trabalho há bastante tempo, sempre confiável, mas estes não são o tempo nem o local para falar disso), chegando ao número 254; a partir daí, dependendo de qual escrita eu siga, obtenho três arranjos de letras, todos sonoros e bem pronunciáveis, acabando por ficar com o terceiro deles, de base Celtibérica.
Quanto ao título, o primeiro que me veio foi "árvore vermelha" que em Proto-céltico seria algo como roudobilia e soa muito bem: esta semana, nas comemorações do Equinócio, eu vou "apresentar" os nomes no altar e ver o que os Oráculos tem para dizer.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

30DV - Personalidade

Se a amoreira fosse uma pessoa (não que ela não seja, nós druidas sabemos que plantas são pessoas de direito) como seria a personalidade dela?  
Não sei quanto a vocês, mas para mim ela seria uma criança - inquieta, cheia de energia, deixando marcas de tinta por onde passa - mas uma criança meio macabra (bom, todas as crianças são meio assim...), com raízes profundas no seio da terra, capaz de secar sob o Sol de verão e perder folhas no inverno, e literalmente ressurgir dos mortos com um pouco de água e solo; um pé neste mundo, e um no Outro, capaz de curar os vivos e invocar os mortos, uma menina-bruxa com os lábios vermelhos de suco de amora.

domingo, 18 de setembro de 2022

30DV- Artes

A primeira imagem sobre o tema na Wikipedia é a do quadro A Amoreira, de Vincent Van Gogh, que ele teria feito em 1889 logo após uma internação num manicômio, e que ilustra esta postagem (encontrei muitos outros quadros quando pesquisei sobre Píramo e Thisbe, mas praticamente nenhum deles apresenta uma amoreira reconhecível como tal); não podemos deixar de lado a própria manipulação da árvore para fins artísticos, como no caso do bonsai:
Mas da própria substância da amoreira se faz arte, como o caso do papel de casca de amoreira, muito bom para fazer origami por fazer vincos bem marcados ao ser dobrado:
E não podemos deixar de mencionar a sua madeira, que é amada no Japão como matéria-prima de tabuleiros do jogo do Go e utensílios da cerimônia do chá:

sábado, 17 de setembro de 2022

30DV- Meditação

Tomei o chá de amora no fim da tarde, deixei o gosto e o cheiro estabelecerem a sintonia com o ente-amoreira, olhei para a ilustração acima e fui seguindo a linha contínua que forma folha e fruta, então fechei os olhos.
Imagens com cheiros, sons e texturas variadas surgindo e sumindo à minha volta, deixo acontecer por um tempo, e então elas cessam.
Estou num bosque de amoreiras, tudo é verde à minha volta, sinto a força vital fluindo em quase-violência do solo e transbordando na folhagem e nas amoras maduras que recobrem os galhos das árvores. 
Tomo consciência de estar sendo observado ao mesmo tempo em que observo, uma presença igualmente dinâmica e tranquila, sem pressa de se dar a conhecer mas mantendo um contato conosco.
Os temas de nascimento e morte, seguidos de mais ciclos iguais (e incluindo aí o ciclo de vida do bicho-da-seda, assim como o meu) fluem sem esforço, de uma consciência cuja perspectiva da passagem do tempo não é na escala humana, e nem mesmo a de uma árvore individual, mas da espécie em si, a Amoreira prototípica antes que houvessem amoreiras no mundo.
Permaneço nessa comunhão silenciosa por um pouco, e então ela cessa tão calmamente quanto começou, e retorno ao ponto de partida.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

30DV- Tintura

Em condições normais, eu teria esperado até a semana que vem (4a feira, dia de Mercúrio) para fazer uma tintura astrologicamente adequada, mas acabei fazendo hoje na hora de Mercúrio: folhas secas (para uma tintura é melhor evitar a umidade das folhas frescas) em vodca, para guardar no escuro até semana que vem e fazer as conjuraçôes adequadas; provavelmente eu vou fazer o procedimento espagírico, como fiz com as minhas tinturas astrológicas, mas ainda não decidi.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

30DV - Mitologia

(...sim, eu sei que o dia de hoje seria uma pausa para avaliar o traçado da obra até agora, mas não resisti e mudei o tema)
A história mais associada à amoreira, pelo menos no cânone ocidental (desconheço mitos chineses sobre ela) é a de Píramo e Thisbe, que encontramos primeiramente numa das histórias das Metamorfoses de Ovídio: na Babilônia, dois jovens separados pelos pais, que se comunicam por uma fenda no muro entre suas casas, tentam se encontrar, mas uma série de desencontros trágicos e falsas impressões levam ambos os amantes a tirarem a própria vida, e o sangue misturado dos dois, jorrando sobre as raízes de uma amoreira branca, mudou para sempre a cor de seus frutos.
Ao que parece, isso tem origens num mito babilônico fragmentário e semiesquecido antes de Ovídio reciclar a história; entre os séculos XIV e XVI, vários autores por toda a Europa escreveram suas versões dela, mas foi Shakespeare que a tornou famosa como a peça encenada pelos atores-bufôes em Sonho de una Noite de Verão (com um ator representando o Muro e fazendo com a mão o buraco pelo qual os dois enamorados trocam juras de amor) e, não contente com isso, reciclou o tema do desencontro e o duplo suicídio para a conclusão trágica de Romeu e Julieta.
Em tempos mais modernos, a história tem uma alteração onde os pais dos dois amantes fingem discórdia para levar ambos a desafiá-los e se encontrarem, que resultou no musical The Fantasticks em 1960; nem os Beatles se furtaram a falar disso (num esquete televisado onde John fez a Thisbe, Ringo o leão que a ameaça, e por aí vai) e obviamente os Simpsons tinham que contar a sua versão da história...
E assim é que as histórias nascem, crescem e se propagam, como árvores cujos frutos geram novas plantas, e assim perpetuam seu legado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

30DV - Emoção

Essa é fácil, a amoreira, e o suco das amoras, evocam em mim a emoção do contentamento, alegria, a força vital que corre nas veias do mundo e faz tudo rebrotar e ressurgir na Primavera.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

30DV - Astrologia



Como mencionei ontem, o planeta regente da amoreira é Mercúrio, o Sidereus Nuncius ou mensageiro das estrelas, sempre mutável e veloz, padroeiro da escrita e dos escritores - esqueci de contar que um dos muitos usos da casca da amoreira é o de fazer papel vegetal, que era muito prezado na China, terra natal da planta, e obviamente o suco da amora fornece uma tinta muito eficaz e persistente, como qualquer pessoa que já colheu amoras maduras no pé, e tentou lavar as mãos manchadas, sabe muito bem.

É interessante que, aqui no hemisfério Sul, o período de frutificação seja justamente em Setembro, no signo de Virgem, regido por Mercúrio, porque a amoreira tem uma relação especial com o tempo: seu nome latino, Morus, advém da demora que a árvore apresenta para fazer brotos novos na Primavera, só o fazendo quando todo sinal de geada ou umidade desapareceu (e essa aparente "prudência" e sabedoria dela fez com que os Romanos a atribuíssem à deusa Minerva) -- mas, assim que a brotação começa, em questão de horas a amoreira se cobre de brotos e folhas novas, e do mesmo modo um galho quebrado e plantado no solo cria raízes da noite pro dia; nestes sinais, vemos o toque do caduceu de Mercúrio em ação.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

30DV - Magia


Aqui as fontes tendem a copiar, ahn, "confirmar" umas às outras, dependendo de que aspecto abordemos a magia: nas formas mais clássicas dos grimórios, lemos que a amoreira tem por atributos o elemento Ar e o planeta Mercúrio, que a infusão das folhas serve para escrever sigilos de proteção em muros e portas, que as folhas concedem sonhos quando postas sob o travesseiro, e que sua madeira faz talismãs de fortalecimento da vontade, assim como a árvore inteira protege contra relâmpagos; na visão da Umbanda, ela é uma planta de Exu e Omolu, suas folhas frescas formam um banho de limpeza contra eguns, larvas astrais e outros miasmas, e secas são usadas para a defumação da casa contra influências nefastas; e para o Hoodoo, ela é uma árvore com conexões profundas com os Ancestrais e outros mortos, as folhas secas compõem um incenso de contato com os falecidos e quando frescas entram numa lavagem de chão para limpar a casa de forças negativas.
Se alguém conhecer outros usos mágicos da amoreira, pode se manifestar! 

domingo, 11 de setembro de 2022

30DV - Chá

...e então repeti a tentativa do chá, desta vez com a folha seca da amoreira, usando as proporções da postagem de ontem (mas acrescentando 3 amoras maduras para dar gosto); mesmo sem as amoras, o gosto e o aroma estão mais intensos que da última vez, e eu realmente gostei desta versão. 

sábado, 10 de setembro de 2022

30DV - Preparo


Vários dos artigos médicos mais ortodoxos, assim como os de medicina natural (incluindo Ayurveda e TCM), discutem a eficácia das várias preparações da amoreira (mais centrados na Morus alba, com ênfase secundária na M. nigra), e geralmente usam os extratos alcoólicos ou aquosos da planta (geralmente das folhas, mas também das frutas e, no caso da Ayurveda, da casca da raiz): são procedimentos complexos, destinados a obter medicamentos com doses padronizadas dos flavonóides, antocianinas e carotenóides contidos na planta, para definir com exatidão quais são as doses eficazes (e quais as tóxicas!), mas estão fora do alcance da maioria de nós - para uso doméstico, a preparação mais prática e eficaz é a infusão das folhas (de preferência secas, mas as folhas frescas também podem ser usadas): a dose inicial é a de 1 colher de sopa das folhas de amoreira para cada 2 xícaras de chá de água, para ser tomado de 2 a 6 xícaras por dia, e após mais ou menos 1 mês de uso, passar para 1 colher de folhas para cada xícara de água, sempre prestando atenção em possíveis efeitos adversos como náuseas, azia/gastrite ou diarréia.
Amanhã vamos fazer chá, passo a passo.

(ah, sim, a ilustração acima mostra o extrato de amoreira entrando na célula e alterando o mecanismo de produção do colesterol intracelular)

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

30DV -- Desenho


(feito hoje ao acordar no meu Diário)

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

30DV - Contato Pessoal


Eu sempre morei perto de amoreiras, posso dizer que temos uma relação antiga, mas esta amoreira é especial:


Ela fica numa praça em Santo Amaro, mais especificamente no Alto da Boa Vista, e por mais de duas décadas era ali que eu colhia as amoras para a minha comemoração da Primavera; a praça foi reformada, assim como as ruas do entorno, e a amoreira foi podada para que ninguém mais quebrasse seus galhos tentando colher amoras maduras do pé, assim agora só se pode pegar as frutas caídas no chão, muito embora um ou outro galho teime em brotar mais abaixo e produza algumas amoras de amostra:


Mais perto do Equinócio, eu voltarei para a colheita, como fazia e farei sempre.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

30DV - 3 Fontes Médicas


Setembro é o mês dela, então é mais que justo começar lendo o que santa Hildegard von Bingen tem a dizer sobre a amoreira: de natureza fria, a infusão de suas folhas usada como banho pode tratar sarna e outras doenças de pele, os frutos são nutritivos e podem ser comidos por pessoas sãs e doentes sem risco, seu suco trata lesões de boca e garganta, e amoras fervidas em vinho com mel e vinagre são, literalmente, um santo remédio para prevenir e tratar doenças do fígado.
Menos antiga, uma das minhas databases médicas favoritas, a WebMD, tem entradas separadas para a amoreira-branca (que é considerada como eficaz para baixar a glicemia em diabéticos e ajudar na perda de peso, mas por isso mesmo não deve ser associada a outros medicamentos antidiabéticos sob risco de episódios de hipoglicemia grave) e a amoreira-preta (poucos usos reconhecidos, mas uma advertência para não associar com o benzodiazepínico midazolam, porque pode prolongar o seu tempo de ação no organismo).
E pesquisando no catálogo da Medline, encontrei este artigo de um grupo de pesquisadores chineses discutindo a eficácia do extrato de folha de amoreira in vitro e in vivo para diversas doenças, que me pareceu bem embasado e metodologicamente correto. 
(Eu ia ultrapassar o limite de 3 e incluir o Culpeper, cujo tratado de herbalismo é tradicionalíssimo, mas ler na sua entrada sobre a amoreira que "um ramo de amoreira, atado na Lua cheia ao pulso da mulher cujas regras são abundantes, logo regula seu fluxo" me preocupou: COMO um autor escrevendo em meados do século XVIII consegue ser mais, digamos, "medieval" que uma monja herbalista 600 anos antes dele?)

terça-feira, 6 de setembro de 2022

30DV - Olfato & Paladar


A maioria das pessoas já comeu amoras alguma vez, e o gosto muito doce mas tambem azedinho, algo rústico, que as caracteriza lhes é familiar; dessas, poucas tem alguma noção do cheiro de amoras caídas no chão e esmagadas sob os pés de quem passou por lá e/ou parou para colher algumas, é indescritível e, para mim, é um dos cheiros que define a Primavera; mas a maioria das pessoas não saberia descrever o aroma e o sabor das folhas da amoreira, frescas ou num chá, e até ontem eu me incluía entre essas, então tomei providências para remediar essa ignorância básica. 
Tendo colhido 5 folhas de tamanho médio, ao voltar para casa ontem à noite, eu as lavei com cuidado, sequei de leve, e comi uma ponta de folha, a qual, surpreendendo absolutamente ninguém, tinha cheiro e gosto de folha...então fervi 2 xícaras de água, tirei do fogo, acrescentei as folhas de amoreira, cobri, e após 30 minutos coei e provei: um gosto extremamente sutil e impalpável, levemente doce e ao mesmo tempo discretamente amargo; hoje de manhã tomei a xícara remanescente, onde as folhas ficaram curtindo durante a noite, e odor e sabor estavam minimamente acentuados em relação à dose anterior.
A experiência foi interessante, serviu para reforçar os vínculos com a amoreira, mas me pergunto se usar as folhas secas, ou talvez uma quantidade maior, faça alguma diferença, e desde que haverá um dia do Desafio dedicado ao chá, tentaremos variar pra ver o que acontece. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

30DV - Colheita



Aqui temos que definir o que estamos colhendo.

As frutas da amoreira são colhidas na Primavera e começo do Verão (Setembro-Dezembro), com a temporada iniciando mais tarde em climas mais frios, como no Sul do Brasil, onde a temporada vai de Novembro a Janeiro; devem ser colhidas manualmente e recolhidas com cuidado em cestos, porque são frágeis quando maduras e tem uma vida útil pós-colheita de até 3 dias, pelo que é melhor processá-las para armazenamento (polpa congelada, suco, geléia).

As folhas, tanto para a alimentação do bicho-da-seda quanto para usos fitoterápicos, são colhidas até 4 vezes por ano, de preferência as que brotam após a queda das folhas no Inverno ou das podas sucessivas dos galhos; as larvas as comem frescas, enquanto as folhas artificialmente secas tem uma maior durabilidade para o consumo humano.

E sim, é costume podar as amoreiras para ficarem baixas como arbustos, porque aí a colheita industrial fica mais fácil, mas isso decididamente não é a mesma coisa que subir numa árvore de galhos fortes e comer as amoras direto do pé.

domingo, 4 de setembro de 2022

30DV - Habitat


A foto acima diz TUDO o que vocês precisam saber sobre o porquê da amoreira não ter ficado restrita ao seu ambiente natal na China - assim que as possibilidades têxteis da fibra do casulo do Bombex mori (vejam que a amoreira está presente até na designação da espécie!) foram descobertas, e a fama da seda chinesa correu o mundo, era questão de tempo até que ambos, o bicho-da-seda e a árvore cujas folhas ele comia, fossem contrabandeados para a Europa no século VI (porque o imperador Justino de Bizâncio só queria vestir seda, além de enriquecer com a sua produção, e é fácil escamotear ovos e galhos das duas espécies num canto da bagagem) e de lá para o mundo.
Ela é muito bem adaptada ao clima temperado (a ponto da amoreira-branca ser considerada espécie invasiva em vários países das Américas) e se propaga com a maior facilidade a partir dos galhos mais finos: eu mesmo já perdi a conta de quantas amoreiras plantei pelo simples expediente de quebrar um ramo com três ou quatro folhas e espetá-lo diretamente na terra, para voltar dali a dias e vê-lo com folhas novas - a força vital da amoreira é impressionante, e isso tem a ver com as suas propriedades terapêuticas e mágicas, como veremos mais à frente.

sábado, 3 de setembro de 2022

30DV - Nomes


O nome "amoreira" vem do Grego moron e do Latim moro, e isso ficou preservado no nome científico do seu gênero, Morus - existem 64 espécies dela, mas 3 são as mais comuns, curiosamente todas com os nomes das 3 cores simbólicas da magia, branco (M. alba), vermelho (M. rubra) e negro (M. nigra); o tratado de ervas mágicas do Scott Cunningham menciona os nomes alternativos Tut, Morera e Gelso, e aparentemente um nome-de-bruxa para ela era "sangue-de-ganso", em referência não à cor do suco dos frutos, mas à seiva branca das folhas e brotos novos (que é levemente tóxica e pode causar diarréia em quem coma as folhas cruas); em um ponto mais à frente dos 30 Dias, eu vou ter que criar um nome pessoal para ela, e ainda não faço ideia de como vai ser isso, mas cruzaremos essa ponte quando chegarmos ao rio e não antes.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

30DV - Escolha


Os augúrios apontaram para a Amoreira, uma das minhas plantas favoritas desde a infância, e cuja temporada de frutificação é justamente neste mês - não sei quanto a outras partes do Brasil, mas quem mora em São Paulo conhece no mínimo uma praça, rua ou esquina onde o chão fica rubronegro pela quantidade de amoras maduras pisadas pelos passantes, e agora é o tempo de ver isso.
Muita coisa temos para ver e falar, vamos deixar o resto para os próximos dias. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

30DV - Intenção

Para começar, declaro aqui minha intenção de assumir o desafio dos 30 Dias Vegetais com o propósito de aprender mais, mas também como uma prática devocional do Caminho dos Vates, bem como um processo iniciático (porque esse é o tipo de coisa da qual você não sai do mesmo modo que entrou). 
Eu tenho 3 plantas-candidatas, mas ainda não escolhi a qual dedicar o esforço do foco exclusivo por 1 mês – estou deixando a cargo de augúrios nesta tarde, e se não receber nada conclusivo, vou usar o Ogham (que, na minha prática pessoal, pode indicar bem mais que as 25 árvores-padrão); mas, agora que escrevo isto, me ocorre escolher uma planta para Setembro e reservar as outras para os meses sucedentes (ou talvez mais, e chegar a 12 meses completos desta prática, um Ano Vegetal, quem sabe? 
Vamos ver o que acontece amanhã.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Desafio

Setembro, o mês do começo da Primavera. 
Para comemorar, decidi fazer o Desafio dos 30 Dias do Aliado Vegetal dos Tumblrs de thecunningwife e wortsandcunning, e convido quem quiser a fazer o mesmo - 30 dias de imersão em uma planta/árvore/erva com a qual você tem afinidade e que faz parte da sua prática mágica, 1 postagem por dia, e no fim do mês você (e quem estiver acompanhando) terá aprendido um pouco mais sobre o vegetal da sua escolha. 
Esta é a lista dos 30 temas: 
1 – Intenção 
2 – Escolha 
3 – Nomes 
4 – Habitat 
5 – Colheita 
9 – Desenho 
10 – Preparo 
11 – Chá 
12 – Magia 
13 – Astrologia 
14 – Emoção 
15 – Mitologia 
16 – Tintura
17 – Meditação 
18 – Artes 
19 – Personalidade 
20 – Nome Pessoal 
25 -- Talismã
27 -- Experiência 
28 – Pessoal 
30 -- Revisão 

Que o Desafio comece!