Imagens com cheiros, sons e texturas variadas surgindo e sumindo à minha volta, deixo acontecer por um tempo, e então elas cessam.
Estou num bosque de amoreiras, tudo é verde à minha volta, sinto a força vital fluindo em quase-violência do solo e transbordando na folhagem e nas amoras maduras que recobrem os galhos das árvores.
Tomo consciência de estar sendo observado ao mesmo tempo em que observo, uma presença igualmente dinâmica e tranquila, sem pressa de se dar a conhecer mas mantendo um contato conosco.
Os temas de nascimento e morte, seguidos de mais ciclos iguais (e incluindo aí o ciclo de vida do bicho-da-seda, assim como o meu) fluem sem esforço, de uma consciência cuja perspectiva da passagem do tempo não é na escala humana, e nem mesmo a de uma árvore individual, mas da espécie em si, a Amoreira prototípica antes que houvessem amoreiras no mundo.
Permaneço nessa comunhão silenciosa por um pouco, e então ela cessa tão calmamente quanto começou, e retorno ao ponto de partida.
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