quinta-feira, 29 de setembro de 2022

30DV - Valores do Herbalista

O tema de hoje é central, no sentido de que se eu fosse fazer outra jornada dos 30DV com outra planta (e isso não está fora de cogitação) eu repetiria o mesmo texto a cada vez, desde que não há motivos para os valores da prática do herbalismo serem diferentes a cada planta estudada.
Dito isso, eu começaria pelo aspecto ambiental/ecológico: o bom herbalista procura manter o equilíbrio do ambiente onde colhe suas plantas, não poluindo o local, não danificando as plantas no processo da colheita, deixando sempre uma parte sem colher para usufruto dos seres do habitat (incluindo outros herbalistas!) e fazendo uso integral so que colheu, sem desperdiçar nada, e sempre que possível retribuir ao ambiente, seja devolvendo a matéria descartada da planta após seu processamento, seja periodicamente fornecendo água e/ou adubo ao local.
Outro aspecto é o espiritual: o bom herbalista participa de uma visão de mundo animista, onde as plantas são pessoas de direito e que devem ser respeiradas como tal; criar hábitos como o de pedir licença às entidades do local antes de entrar no ambiente, pedir permissão à planta para colher o que precisa (e explicando o que pretende fazer com o que colheu), deixar periodicamente oferendas de agradecimento pelo auxílio prestado, meditar frequentemente nos aspectos psíquicos da planta e estabelecer relacionamentos recíprocos com ela, ao invés de considerá-la uma mera fonte de matéria prima, e procurar ter em mente a essência viva da planta durante o preparo dos medicamentos, a serem considerados aspectos manifestados da entidade-planta em vez de meros compostos moleculares frios e sem vida.
E por fim o aspecto social: o bom herbalista percebe a si mesmo como membro de um meio social com o qual está em interação constante, e ao qual serve com sua arte e ciência: é seu dever manter-se atualizado com boas práticas e procedimentos, ter sempre em mente o bem-estar das pessoas que a ele recorrem, partilhar com elas não só o conhecimento das ervas mas também a responsabilidade e as decisões sobre a melhor conduta a cada caso, e lembrar sempre que elas também são entidades tanto espirituais quanto materiais, que não basta dizer "tome este chá, volte em 2 semanas" sem tentar entender os processos que levaram a doença a se manifestar e ajudar a pessoa a entendê-los e ser participante ativa do processo de cura.
E encerro com este blog, que acho que vocês vão gostar ;-)

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