quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Caminho

E, tendo visto apenas um dia na vida de quem segue o Druidismo, o que podemos esperar do caminho druídico a longo prazo, como projeto de vida?
A rotina diária de oração, meditação, rito e estudo (e suas aplicaçôes ao longo do dia) vai pouco a pouco causando mudanças sutis no praticante: maior capacidade de atenção, concentração e percepção, maior tolerância ao stress e às situações e pessoas em geral, mais energia vital e disposição, maior entendimento das pessoas e da vida em geral, conduta mais ética e responsável, comportamento sociopolítico menos alienado e mais participativo -- na verdade essa é a pedra de toque para saber se um caminho espiritual é legítimo ou não: se você está se tornando uma pessoa melhor ao segui-lo, então você está no caminho certo...
Ao longo dos meses e anos, a vivência dos ciclos da Lua, do Sol e das estações, mesmo que não seja no formato ritual da Roda do Ano, vai pouco a pouco moldando o praticante, como se fosse ele a crescer e minguar, murchar e rebrotar, em harmonia com os sistemas ecoplanetários dos quais faz parte.
Mesmo os ciclos da vida humana e os ritos a eles associados -- formatura, casamento, filhos, aposentadoria -- começam a ser vistos como reflexos do ciclo vital manifestados na vida humana, estações que avançam em direção a um Inverno obscuramente pressentido, para o qual os anos de estudo e prática do Druidismo são uma preparação gradual e cuidadosa.
Pois é fato, com o qual todas as linhas druídicas concordam, que a Natureza é nossa mestra; e um ensinamento crucial dela, que qualquer pessoa com algum miolo na cabeça pode aprender com cinco minutos de observação no mato, é que todas as coisas têm um tempo de vida definido, plantas, pessoas, cidades, civilizações...
"Tudo o que nasce deve morrer", poderíamos formular o ensinamento assim -- mas ele só pode ser um guia eficaz se tiver consigo a segunda parte, "Tudo o que morre deve renascer": quando tomamos consciência de que vamos voltar a esse mundo, que "as canções de nossos ancestrais são também as canções de nossos filhos", maior é nossa responsabilidade de zelar pelo mundo que deixamos para trás ao morrer, pois é a ele que iremos voltar no tempo devido.
E nosso dán, nossa vocação, nosso dom e destino, vai se revelando a nós a cada passo da jornada, tornando mais clara a direção a seguir, como um rio no qual navegamos e cujas águas também matam nossa sede e a sede dos que vão conosco.
Parece um bom caminho a seguir, não?

Bendito o Caminho, rio que flui
Bendita a barca com que nele navegamos
Bendito quem segue o Caminho
e partilha de suas Águas com todos

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