domingo, 4 de dezembro de 2011

Ciência e Filosofia

Existe uma incompreensão mútua entre os campos da Ciência e da Religião que torna difícil o diálogo respeitoso entre ambas as vertentes -- e, como tantas outras formas de incompreensão, esta emana de pressupostos não-examinados que um lado tem sobre o outro: para os cientistas, a Religião foi a tentativa primitiva e errônea de explicar o funcionamento do mundo, descartada pela verdade maior da Ciência, e os religiosos sâo fanáticos que se ressentem pelo poder que perderam sobre as massas ignorantes; para os religiosos, a Ciência é uma visão estéril e equivocada do mundo que priva a este e à humanidade de um sentido maior para a existência, e os cientistas sâo neuróticos cujo ateísmo não passa da projeção de seus traumas com a autoridade sobre a presença de Deus
(Claro que há cientistas e religiosos que nâo são partidários de tamanho extremismo, mas mesmo esses, apesar dos espíritos desarmados, ainda encontram dificuldade para o diálogo)
E talvez o maior pressuposto oculto seja a visâo dualista da existência -- o mundo material é inferior e subalterno ao mundo espiritual, assim os religiosos teriam a primazia sobre os cientistas; claro, estes negam o mundo espiritual e se consideram superiores aos religiosos por lidarem com o real enquanto aqueles só tratam do imaginário...mas e se o dualismo fosse um engano? E se não houver uma separação entre matéria e espírito, entre corpo e alma?
Justamente essa é a visão de mundo do Druidismo, para a qual o Sagrado se manifesta na Natureza e é indistinguível dela: não por acidente, descobrimos que os Druidas unem em si ambos os campos, o religioso e o científico, sem fazer uma distinção clara entre os dois.
Segundo os cronistas, os Druidas (em especial os Ovates) se dedicavam ao estudo e ensino do que era chamado de "filosofia natural" e que hoje conhecemos como as ciências naturais; as propriedades das plantas, os comportamentos dos animais e aves, os padrões do clima, a astronomia -- eles podiam predizer eclipses do Sol e da Lua com precisão, postulavam a existência de montanhas na Lua, e segundo alguns desses cronistas eles sabiam como fazer a Lua baixar dos céus e dominar o raio, o que sugere que eles conheciam a astronomia óptica antes de Galileu e a eletricidade antes de Galvani e Volta (ou talvez a pólvora, de modo independente dos Chineses?).
O meio pagão moderno tem uma reação de desconfiança, até mesmo rejeição, diante da Ciência, pelos motivos já discutidos; muitos são os que dizem que ela "tira a beleza e o fascínio da Natureza" ao querer formular matematicamente suas leis -- mas quem ler um artigo como este, que prova que a Terra e a vida sobre ela são como sâo porque temos uma Lua grande em órbita, näo terá ainda mais motivos para olhar o crescente com admiração renovada, até mesmo gratidão?
Mesmo que muitos de nós não tenham uma vocação científica explícita, me parece que um conhecimento básico de ciências, hoje mais acessível que nunca, é essencial para quem segue o Druidismo, como afirmação da unidade indissolúvel do espiritual e do material, e como meio de lançar pontes sobre esse abismo enganoso que prejudica nossa civilização -- agora larguem o que estão fazendo e vão ver a Lua lá fora!

Bendita a Natureza e suas Leis ocultas
Benditos os que buscam conhecer essas leis
Bendito o Sagrado que nelas se revela
e torna o Mundo ainda mais belo

Nenhum comentário: