O termo "poesia" engloba mais que apenas um gênero literário -- vimos há pouco que ele se aplica até mesmo a atos conscientemente feitos -- mas aqui vamos nos ater ao sentido mais comum da palavra, levando em conta que o Druidismo é, talvez, a única religião que inclui a casta dos artistas bem no centro da ordem sacerdotal, a Arte como instrumento do Sagrado...
Imaginem-se como alunos num colégio tradicional da Ordem dos Bardos na Irlanda: aprendendo poemas verso por verso, um por aula, destrinchando sutilezas da métrica e rima de cada verso, e passando horas recolhidos em suas celas, no escuro, deitados com uma pedra sobre o peito, respirando ritmicamente enquanto o verso é memorizado e acrescentado aos já guardados no Santuário que Preserva, ao longo de doze anos de trabalho duro -- para no final ter dominado centenas de poemas e histórias, e as técnicas de memorização e de se abrir à Inspiração para compor novos poemas, que seriam acrescentados ao acervo pessoal do novo Bardo e, se fossem realmente bons, à memória coletiva da Ordem.
Os Bardos sobreviveram à nova ordem pós-cristã sem muita dificuldade, diferentemente dos outros dois ramos druídicos, porque os nobres ainda dependiam da presença de poetas em suas cortes para seu prestígio pessoal e o povo bebia cada palavra narrada por eles; ocorre-me, enquanto escrevo, que isso era uma estratégia cuidadosamente elaborada onde os Bardos atraíam a si a atenção de todos e ao mesmo tempo transferiam o acervo da cultura Celta à memória popular, enquanto os Druidas convertidos nos mosteiros cristãos transcreviam os mesmos poemas para os manuscritos sem serem perturbados no processo -- quem sabe?
E nós, modernos, onde entramos nisso? Numa época em que computadores e agendas atrofiaram a memória humana, que é uma pálida imitação do que a memória treinada dos Antigos podia fazer, ainda há lugar para os Bardos de antanho?
É só ver a importância que a música, melodia & verso, alcançou na cultura popular moderna, para constatar que a sede humana por poesia, por criar mundos com palavras cantadas, não se extinguiu e nem encontrou substitutos que suprissem as carências da Alma em nossa época -- só falta um ou mais Bardos que redescubram esse lado sagrado da Arte e tornem seu talento, ativado pela Inspiração, um veículo para ele.
Benditas as Palavras arranjadas com Arte,
Benditos os que proferem as Palavras,
Benditos os que ouvem as Palavras
e com elas alimentam suas almas
How To Get Good At Magic – Notes From Bolivia | Solo Show
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