quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Porque Druidismo?

Para começar os 30 dias, eu diria que uma das definições do Druidismo é a crença no lado invisível das coisas e da Natureza; e, dizendo isso, aplicaria essa definição à pergunta que é o título deste post --o que está oculto nela? O que está implícito, e portanto não foi expressamente escrito, na frase?
Ni ansa, "não é difícil", como o Colóquio dos Dois Sábios repete: olhando com olhos de Druida, a frase é "porque (você escolheu seguir o) Druidismo?"
E a resposta é a seguinte: eu não escolhi, ou melhor, não se trata de escolher entre doutrinas e optar pela favorita.
Já li dúzias de livros e blogs cujos autores, em certo ponto, dizem a mesma coisa e quase com as mesmas palavras: eles não se "converteram" ao Druidismo, mas quando tomaram conhecimento dele, a reação que tiveram foi "ah, então isso em que eu sempre acreditei se chama assim?"
Quando eu era pequeno, morava com meus pais num prédio em frente de um convento de freiras em Santana, zona norte de São Paulo; as freiras fizeram um acordo com as mães do prédio onde nós, as crianças, podíamos brincar nos jardins do convento (cujas portas só se fechavam no toque do Angelus, às seis da tarde) desde que não danificássemos as plantas do jardim e nem os vitrais da capela.
Eu ficava horas sentado nos galhos das árvores, lendo quadrinhos ou observando as aves e insetos que moravam nela; recolhia as pedras redondas dos canteiros e desenhava espirais a lápis em todas, arranjando-as em círculos ou em linha reta entre duas ou mais árvores (para que? vocês perguntariam -- e eu responderia que elas ficavam bonitas desse modo...)
Mais tarde fui conhecer Asterix e o Rei Artur, as únicas referências Celtas em nossa cultura (ou pelo menos no fim dos anos 60 era assim) e uma sensação difusa de "sim, é isso!" sucedeu cada encontro.
Estudei Magia cerimonial (do tipo da Golden Dawn), li a Spiral Dance da Starhawk, estudei Runas, mas os mitos Celtas continuavam cruzando meu caminho, como se para chamar minha atenção; foi quando, pouco antes das Brumas de Avalon, eu encontrei o The Book of Druidry do Ross Nichols, fundador da OBOD -- e entendi o que era aquilo que eu sempre acreditei, a vida das árvores e as espirais nas pedras...
A Internet, no fim dos 90, deu acesso a dúzias de sites druídicos, que só fizeram confirmar o que eu a essa altura ja sabia ser a minha vocação espiritual: eu encontrei a Creideamh, a lista da ODB (Ordem Druídica do Brasil), fundada por Robert Kaucher, o Bob, onde tantos de nós tivemos nossa formação, e também me filiei à Ár nDraíocht Féin (ADF).
Porque Druidismo?
Porque o salmão segue o curso do rio quando jovem e depois, avançado em anos, vai contra a correnteza do mesmo rio?
Porque o girassol segue o curso solar, céu claro ou nublado?
Porque está em sua/nossa natureza o caminho que seguimos, e tão mais claro é ele quanto mais fiéis somos a ela.

Bênçãos sobre meu caminho, que meus pés não tropecem
Bênçãos sobre o caminho dos outros, que eles não se percam
Bênçãos sobre todos os caminhos, que se cruzem como linhas
No tear dos Deuses.

6 comentários:

clarita disse...

vc colocou em belíssimas palavras exatamente como me sinto quanto a descoberta do druidismo, obrigada pela sua clareza mental. bjs

Ankhnuit disse...

Obrigada por compartilhar conosco sobre o seu chamado e a sua busca.
Foi emocionante ler o que vc postou aqui e relembrar os nossos chamados e as nossas buscas. Está dando no que pensar e no que escrever sobre o tema. rs
Beijo

victor disse...

noossa edonvelicon(nem sei se vc lembra de min) mais cara que lindo esse seu post, melhor impossivel , poetico e belico nos dá muito inspiração para seguir no caminho cada vez mais

Juju disse...

Lindissimo Endovelicon!
Creio que muitos de nós começaram com outras religiões pagãs até ser abarcado pelo Druidismo.Curiosidade de quem ora nestas paragens já há alguns anos.
Qal era o covento??

Estou criando coragem para engedrar nos 30 dias.
Bjokas Pipoka

Juju disse...

Lindissimo Endovelicon,estou lendo na integra teus 30 dias e criando coragem para iniciar os meus.
Engraçado como todos nós começamos em religiões diferentes até se " deparar" com o Druidismo, ou com o nome daquilo que como você escreveu, sempre soubemos, e gostamos, e que estava secretamente em nosso coração.
E apenas por curiosidade de quem mora por estas paragens já há alguns vários anos. Qual era o convento??
Bjokas

Endovelicon disse...

Juliana, o convento já não existe mais -- ele ficava na Nunes Garcia, uma travessa da Voluntários da Pátria, em Santana: dele só restou o muro da esquina, que foi preservado pelo condomínio que ocupa o terreno...