sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cosmologia

No princípio havia Eru (sim, estou falando de Tolkien, tenham paciência comigo).
Eru criou os Ainur e compôs três músicas, que eles executaram, e que tomaram forma visível, à qual Eru dotou de existência real e chamou Eä, o Mundo.
Bilhôes de anos depois disso, e décadas após Tolkien ter escrito o Ainulindalë, os físicos criaram a teoria das cordas -- e o que ela diz?
Resumindo, existem as cordas, entidades unidimensionais (só comprimento, sem largura) que habitam um universo de onze dimensões, e quando uma corda vibra, surge uma partícula subatômica; assim, todos os incontáveis átomos do Universo são o resultado da vibraçâo conjunta de todas as cordas...isso parece familiar, não?
Para completar, em algum ponto entre a música dos Ainur e a teoria das cordas, os Celtas do oeste da Irlanda chegaram ao conceito da Oran Mor, a Grande Cançâo, que criou e sustenta a existência -- e tâo forte é esse conceito que mesmo após serem cristianizados, mesmo até o meio do século XX, os camponeses usaram este nome para se referir ao Deus cristão...
A única diferença entre essas visões de mundo vem basicamente da personalidade dos seus criadores: onde a física materialista usa o termo seco e abstrato "vibraçâo", os Celtas apelaram para a expressâo viva e poética "cançâo", mas diferentemente de Tolkien eles viam todos os seres, dos Deuses aos grâos de areia, como participantes ativos do processo, sem distinguir entre Criador(es) e Criaçâo (um parênteses: C.S.Lewis, amigo de Tolkien e partilhando da mesma visâo cristo-pagã dele, descreve no capítulo final de Perelandra um diálogo-jogral entre dois seres celestiais onde eles falam da Grande Dança de um modo que os Celtas aprovariam, onde o pó e as estrelas participam em igualdade...).
E nós, Druidas modernos, onde ficamos nisso tudo?
Outra definição do Druidismo é a busca constante no processo de aprender a ouvir a Oran Mor, dela derivar sabedoria e força, e tentar fazer que nossa parte seja cada vez mais afinada, mais refinada, mais em harmonia com os outros que cantam conosco, neste e no Outro Mundo.

Bendita a Cançâo, que eu possa ouvi-la
Benditos todos os que dela participam comigo
Benditos todos os Druidas, que ensinam a ouvi-la

a todos que o queiram

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