quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Meditação

Como contraponto à extroversão dos ritos, devoções e criação inspirada (que formam o lado visível do caminho druídico), torna-se necessário ter um pouco de introversão, recolhimento, serenidade que equilibrem o todo, e é aí que entra a meditação.
A imagem do Druida vestido de branco e sentado em contemplação à sombra do grande carvalho nos vem tão naturalmente ao espírito que parece estranho que os historiadores Gregos e Romanos que os conheceram diretamente não tenham deixado nada escrito sobre isso...
Um texto irlandês sobre cura datado do período medieval diz que nas casas de cura (descritas como amplas, arejadas e com água corrente à mão), após o banho de vapor (não dessemelhante à tenda do suor xamânica) os pacientes eram encorajados à prática de dercad, ou contemplação, para alcançar um estado de sítcháin ou paz -- Jason Kirkey notou que "sítcháin-dercad" tem virtualmente o mesmo sentido que a expressão shamatha-vipassana, que descreve uma técnica específica de meditação Hindu e Budista onde apenas se observa a respiração e ocasionais pensamentos que se intrometam nessa observação.
Na AODA, a ênfase é dada à meditação discursiva, onde se escolhe um tema específico (uma frase, um símbolo, um conceito) e os pensamentos que surgem devem se ater apenas ao tema escolhido, sem digressôes -- essa prática tem suas raízes no Renascimento Druídico do século XVIII, e veio às Ordens druídicas fundadas naquela ocasião a partir de manuais de meditação devocional da Igreja Anglicana, mas isso não tira a validade nem desmerece a eficácia da prática em si.
Grupos mais ligados aos Culdees, os Cristãos Celtas primitivos, se dedicam à prática da recitação de "mantras", frases repetidas em Irlandês, com o uso de rosários para manter a contagem.
Eu criei uma prática meditativa baseada em Nove Palavras em Irlandês, Galês e Gaélico, que às vezes faço com um rosário de 27 contas, 3 grupos de 9, mas na maioria das vezes apenas entôo as Palavras -- no entanto, uma meditação favorita à qual recorro com frequência é a de ouvir o silêncio: concentro a atenção no fato de haver silêncio dentro de meus ossos, vou expandindo o foco para fora do corpo e à volta dele, e logo o mundo é um campo de silêncio que os sons atravessam de lá para cá como peixes no oceano, e logo eles se tornam irrelevantes diante da beleza do Silêncio, que é o outro lado da Grande Cançâo e participa dela...

Bendita a Paz e a sua Contemplação
Bendita a Mente atenta ao Pensar
Benditos os Sons que guiam a Mente
ao Silêncio que tudo sustenta

Nenhum comentário: