sábado, 3 de dezembro de 2011

Ética

No meio Neopagão moderno pré-Reconstrucionismo, era já um clichê dizer que "não há restriçôes morais" e que "se não prejudicar ninguém, faça o que quiser" e que "o que você fizer, retorna a você triplicado" -- e parava aí qualquer discussão sobre ética...
Quando os Recons começaram a explorar o que realmente se sabia sobre os Nórdicos, Celtas, Gregos, Egípcios, acabaram (re)descobrindo os códigos éticos que norteavam essas culturas, e a complexidade do que encontraram estava muito além do padrão costumeiro no Paganismo até então.
Desde máximas breves como:

"Honrar os Deuses, não fazer o mal, exercer a coragem"

Ou trechos de diálogos como:

"(Somos sustentados) pela verdade de nossos corações, pela força em nossos braços, pela fidelidade de nossas línguas"

Ou poemas como este:

"O rei verdadeiro, em primeiro lugar,
É inclinado para tudo o que é bom:
Ele sorri diante da Verdade quando a ouve,
Ele a exalta quando a vê"

Ou as coletâneas das Tríades:

"Três com quem temos dívidas que nunca serão pagas: nossos pais, nossos mestres, os Deuses"

Todos os exemplos descrevem algo que já foi chamado de "ética heróica", favorecendo virtudes mais enérgicas como coragem, honra, veracidade, hospitalidade, dando espaço para um orgulho pessoal sem falsa modéstia, e sempre enfatizando a relação do indivíduo com o clâ, tribo e terra como guiando sua conduta, algo bem diferente do que Nietzsche chamou de "moral do escravo".
A ADF adotou uma lista de 9 Virtudes gerais, e parte do treinamento dos Dedicantes é escrever sobre cada uma das 9 como seja entendida pelo candidato -- um dos meus entendimentos a respeito é baseado em Aristóteles, quando ele diz que uma virtude é a média harmoniosa entre dois defeitos: por exemplo, a coragem está entre a covardia e a temeraridade, o seu excesso é tão prejudicial quanto a sua falta, e isso se aplica a todas as virtudes concebíveis.
Porque não temos mais instintos sociais inatos que nos digam como nos relacionarmos uns com os outros, como os outros animais têm, os códigos éticos são essenciais à vida em sociedade, sem a qual o ser humano não sobrevive.
Mas uma diferença importante entre as fés pagãs, em especial as Indo-Européias, e as monoteístas, é que para nós os códigos morais não vieram dos Deuses, não temos um Moisés pagão que desceu do monte com a Lei já impressa para nós: os Deuses deixam claro nos mitos que apreciam a virtude e abominam o vício, mas deixaram a nós a responsabilidade de definir esses conceitos e formulá-los em regras de conduta para o nosso próprio bem e o dos outros, tendo em mente o princípio da reciprocidade que norteia a conduta Céltica.

Benditas as Leis que regem o Povo
Bendita a harmonia que delas deriva
Benditos os Deuses que nos deram
a liberdade de escrever nossas Leis

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