domingo, 20 de novembro de 2011

Três Reinos

"Neamh nglas, muir más, talamh cé"
(Invocação de Blathmac mac Cú Brettan)

Um Celta da Irlanda, de pé numa praia no oeste da Ilha Esmeralda, diria isso ao ver o Céu acima de sua cabeça, sentir a Terra sob seus pés e perceber o Mar definindo o horizonte à sua volta:

"Céu azul, belo Mar, Terra presente",

os Três Reinos que compõem o mundo, e que formam o Triscell Mor ou Grande Triscele das três inseparáveis espirais.
E inseparáveis elas tem de ser, para que a Vida possa se manifestar nelas: uma planta precisa de solo (Terra), água (Mar) e ar (Céu) e não crescerá se qualquer deles lhe faltar; os lugares mais inóspitos à Vida são justamente aqueles onde os Três Reinos estão desequilibrados, como a estratosfera (Céu sem Mar ou Terra), deserto (Terra e Céu sem Mar), as fossas submarinas (Mar e Terra sem Céu) e outros.
E porque os Três sustentam toda a existência, um clássico juramento Celta era "que o Céu caia e me esmague, que o Mar se erga e me afogue, que a Terra se abra e me engula, se eu quebrar meu juramento"-- ir contra a Verdade abala os fundamentos da existência...
Hoje, Druidas modernos vem aplicando a estrutura dos Três Reinos a vários contextos em suas práticas pessoais.
John Michael Greer, da AODA, os correlaciona aos 3 Elementos de Iolo Morganwg, Nwyfre/Céu, Gwyar/Mar, Calas/Terra, e disso ele desenvolve uma interessantíssima proposta de pensamento triádico como contraposto à visâo binário-dualista da cultura moderna.
Alison Leigh Lilly, do blog Meadowsweet and Myrrh, usa as contrapartes internas dos 3, Fôlego/Céu, Sangue/Mar, Osso/Terra, e nessa invocação os limites entre o corpo e o meio circundante se dissolvem como as ilusôes que são.
Daven sugere em seu blog que os 3 se desenvolvem no tempo, não apenas no espaço: Passado/Mar, Futuro/Céu, e o concreto Presente como a Terra, mapeando o caminho do berço à tumba.
A ADF cria altares/santuários onde cada um dos 3 tem uma representação simbólica: Fogo/Céu, Poço/Mar, Árvore/Terra, definindo com sua presença aquele lugar particular como sendo o Centro dos Mundos enquanto o rito durar.
Eu mesmo fiz uma versão pessoal que fica a meio caminho entre a da ADF e a de Alison, uma rápida meditação centralizadora:

Porque meu sangue é quente, o Fogo Celeste arde nele
Porque meu sangue é líquido, as Águas Profundas fluem nele
Porque meu sangue é vivo, a Árvore do Mundo cresce nele

...Agora é a SUA vez: vão descobrir de que modo integrar os Três à sua vida!

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