Estamos vivendo os “tempos interessantes” da proverbial maldição chinesa.
O mundo está de joelhos sob o ataque da menor criatura existente, que compensa o pouco tamanho com a avassaladora superpopulação que se espalhou, nação a nação, pessoa a pessoa, e cuja jornada ainda não terminou.
Dadas as devidas proporções, trata-se de uma guerra contra o invasor (que na verdade não “invadiu” coisa nenhuma, estava quieto em seu nicho ecológico natural até ser inadvertidamente trazido ao contato com os primeiros humanos insuspeitosos).
E, no entanto, o mesmo povinho ingênuo que nos deu o “
gratiluz” está muitíssimo incomodado com essas metáforas de invasão, guerra, armamento, e está pregando nas redes sociais (em postagens que fizeram meus olhos sangrar) que devíamos abandonar essa “violência simbólica” e buscar o “diálogo” e a “coexistência pacífica” com o Coronavírus
(....)
Como disse e direi enquanto tiver forças, o Druidismo tem a Natureza como sua mestra, fonte de Inspiração e livro sapiencial, e é ela quem nos mostra que os seres vivos competem entre si pela Vida, mas que em ambientes ecologicamente estáveis essa competição não é necessariamente brutal e impiedosa: o leão e a gazela podem beber água no mesmo riacho africano, lado a lado, e desde que ele já esteja alimentado ele não verá necessidade de atacar a gazela só porque ela está ali disponível.
Esta
pesquisa mostra que os pacientes que tiveram melhor recuperação e sobrevida pós-carcinoma foram os que, ao invés de se entregar passivamente, decidiram lutar contra a doença (inclusive com visualizações onde os glóbulos brancos eram exércitos atacando e destruindo o invasor canceroso) e essa determinação mobilizou do modo mais eficaz as defesas imunológicas.
E, falando em defesas, vocês já ouviram falar de
Cells at Work?
É uma série de animação japonesa cujos personagens são células sanguíneas antropomórficas vivendo e trabalhando para manter o corpo em que vivem saudável e defendido contra ameaças – um dos protagonistas, o Neutrófilo, é gentil e paciente em repouso mas, em luta contra germes e vírus, um guerreiro cuja fúria de batalha rivaliza com a do legendário
Cú Chulainn da Irlanda. Em comparação, a outra protagonista, a Hemácia, parece inocente, tímida e inexperiente (e é tudo isso mesmo), mas tem a força moral de admitir seu desajeitamento, trabalhar duro para aprender e melhorar, e a determinação inabalável de cumprir sua tarefa mesmo quando tudo parece perdido, o que é uma forma menos óbvia mas igualmente importante de coragem.
Os Celtas, a quem devemos a tradição druídica, valorizavam imensamente essas virtudes mais “enérgicas”, e tinham os seus guerreiros em alta conta, não como invasores movidos pela violência e cobiça, mas como defensores de seu povo; embora os Druidas exortassem o povo à paz sempre que possível, não se opunham ao direito de defesa pelas armas (e alguns deles, como
Cathbad, eram eles próprios guerreiros temíveis em batalha), então nossa opinião sobre o papel da agressividade bem colocada é o exato oposto da do povinho gratiluz, que não entende o que ocorre.
Nestes tempos interessantes, todos nós estamos em guerra.
Nosso
dán nos levou a estarmos vivos nesta época e lugar, e nos chama à ação – seja na frente de batalha como os Neutrófilos, seja na resistência da retaguarda das Hemácias, de acordo com os talentos e temperamento de cada um, e nunca devemos nos esquecer que os Deuses e não-Deuses estão aí nos apoiando e inspirando para fazer o que é certo, hoje e sempre.
(mas antes disso, aproveitem o isolamento/quarentena, entrem na Netflix e assistam Cells at Work, garanto que não se arrependerão).
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