quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

IX, a Ascensão

(SPOILERS À FRENTE, NÃO LEIAM SE NÃO QUISEREM SABER DEMAIS!!!)

42 anos depois (o que Douglas Adams diria disso?), eis que a Jornada chega ao fim: a saga da família Skywalker e sua predestinação a trazer o equilíbrio da Força foi concluída, não sem conflitos (90% fora da tela e não dentro) mas de modo digno e satisfatório.
Como já falei antes, sendo este um Episódio de Conclusão, espelharia os finais da 1a e 2a trilogias (episódios III e VI respectivamente): é curioso que, nas críticas que li até agora, esse espelhamento foi chamado de cópia e plágio, ninguém o reconheceu como fazendo parte de um padrão (esperado porque confirmado anteriormente) - e que chegou mesmo a trazer de volta o personagem responsável por levar o Herói à crise e tentação suprema nas trilogias anteriores, Palpatine-ele-mesmo, pronto a conseguir com Rey o que havia conseguido com Anakin mas falhado com Luke.
Um aspecto importante é o reforço da mensagem enfatizada no VIII (mas que, vendo com olhos-de-Druida, perpassa a série toda), a da importância das pessoas comuns - os protagonistas podem ser caipiras do deserto, contrabandistas, desertores, jogadores, mecânicos, catadores de lixo e ainda assim combaterem lado a lado, em pé de igualdade, com princesas-senadoras-generais (mesmo que não correspondam em nada ao estereótipo da aristocrata mimada); mesmo no final, quando a Resistência recebe o apoio de última hora de uma frota de naves em sua maioria civis (e como esse visual me lembrou o da frota Colonial de Battlestar Galactica!), o recado está dado, quando o povo comum se levanta, a Força está com ele.
A questão é acreditar, em sua causa e em si mesmo: neste clima de encerramento que perpassa o episódio, a velha geração se afasta para dar lugar à nova, que não se sente à altura do legado - Poe diz não estar pronto a assumir a liderança deixada por Leia, Rey tenta fugir para a ilha-refúgio de Ahch-To, Finn não se sente como tendo lugar na narrativa, mas o comentário de Lando diz tudo: "e você acha que nós estávamos prontos no nosso tempo?"
E a solução do enigma do "equilíbrio da Força" foi extraordinariamente sutil - de um lado, o herdeiro da linhagem da Luz mas voltado às Trevas, do outro a herdeira da linhagem das Trevas mas criada na Luz, ambos unidos pela Força numa díade onde cada um espelha as forças e fraquezas do outro, interligados ao ponto de cada um curar as feridas físicas e emocionais do outro e, juntos, superarem a dualidade e vencerem a prova final.
Claro, isso não dependeu apenas dos dois protagonistas centrais, nem de seus amigos e aliados, nem da força coletiva em campo: a voz dos Ancestrais, tanto os de sangue quanto os do espírito, estava lá, esperando a resolução da dualidade para se fazer ouvir no instante crucial.
E essa voz se fez ouvir, pela última vez, quando Rey assumiu os Ancestrais do espírito como sendo seus ao adotar o nome da linhagem que foi símbolo da Força em quatro décadas - e esse é o desafio que esta cena, este episódio, esta trilogia final propõe a todos nós que o assistimos emocionados: você está pronto para ser um Skywalker?

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