quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Zeitgeist


Ah, esta postagem tem a ver com as eleições do Brasil?
Sim.
Não.
Talvez.
Um velho lema do ativismo ambiental dos anos 60/70 dizia “pensar globalmente, agir localmente” – perceber que os fenômenos locais tem causas em níveis acima da manifestação mais imediata, e só podem ser entendidos como fazendo parte de um contexto mais amplo, é um axioma básico da teoria dos sistemas, e é um insight que todos os pagãos, e o Druidismo em particular, deviam sempre ter em mente.
Desviando os olhos da Terra Papagallis, vemos as mesmas tendências de radicalização e polarização ideológica, a mesma ascensão das forças autoritárias, a mesma incapacidade dos bem-pensantes de deixar de lado diferenças irrelevantes e se unir em prol do bem mais amplo em plena manifestação pelo mundo afora (não, não vou dar nomes nem exemplos), e o panorama enche a muitos de um desânimo impotente, uma perplexidade angustiada que exclama “onde foi que erramos?” – se a tendência é global como parece, se é simultânea a ponto de parecer fazer parte intrínseca do zeitgeist, se então não podemos atribuir a culpa ao partido-feio-bobo-carademamão de nossa escolha, então o que vamos fazer?
Quando olhamos com olhos-de-Druida o panorama da cultura de massas dos últimos anos, o que vemos? Space operas que retratam o confronto governo totalitário X rebelião popular, fantasias clássicas ou modernas onde as forças do obscurantismo se erguem para ser enfrentadas pelos guardiões da esperança e da liberdade, ficções distópicas onde a tecnocracia absolutista treme diante da revolta iminente dos oprimidos...toda uma geração cresceu assistindo esses filmes e/ou lendo esses livros, e agora que estão chegando à maioridade e prestes a receber seus direitos políticos, entre eles o de eleger quem represente seus interesses e sonhos, este é o cenário que se apresenta diante deles.
Pensando assim, parece óbvio que eles vão saber escolher direito, que vão dar ao Bem a vitória sobre o Mal – mas será mesmo?
Nunca é demais lembrar o quanto o Outro Lado é sedutor, o quanto ele apela para as emoções, o quanto bajula seus admiradores, o quanto o vulto de luz esconde o mais profundo e fétido abismo dentro de si – temos o relato das Testemunhas, de todas as épocas e culturas, nos advertindo que as coisas não são o que parecem à primeira vista, que as aparências enganam, e que só juntos podemos enfrentar a ameaça que nos esmagaria separados, um a um.
Não devemos ficar olhando a democracia morrer com um estrondoso aplauso.
Não devemos aceitar passivamente o fim da era de tudo que é humano.
Não devemos contemplar Você-Sabe-Quem (seja-lá-quem-for) ascender sem lhe oferecer a mais irredutível oposição.
300 anos atrás, os Druidas ressurgiram num mundo que os havia esquecido, para fazer guerra contra os conflitos religiosos, o materialismo burocrático, e a ameaça ambiental das novas tecnologias, e a batalha agora chega a uma escala global sem precedentes; como Merlin contra os magos de Vortigern, Taliesin contra os bardos de Maelgwyn, como Mog Ruith contra os druidas de Cormac, nossa habilidade, nosso poder e nossa coragem serão postos à prova, e apenas a Inspiração pode mover a balança para nosso lado – não lutamos apenas por nós, mas também para ensinar por palavras & exemplos às novas gerações, que estão se preparando para a batalha para a qual nasceram, e que precisam apenas lembrar de quem são e o que está em jogo.

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