terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Memória


Eu não estava planejando escrever nada, mas fui lembrado que hoje, 24 de Fevereiro, é o Dia da Memória Pagã, comemorado em lembrança dos nossos antecessores das várias fés pré-cristãs (que no Druidismo chamamos de Ancestrais do Espírito)-- a referência da data vem do edito de Teodósio I, imperador romano cristão, que neste dia em 391 dEC desfez todo o trabalho que seu antecessor Juliano, desdenhosamente chamado "Apóstata", havia realizado no sentido de deter a erradicação dos cultos antigos pelo fanatismo monoteísta e iconoclasta da nova fé, protegendo as religiões não-cristãs em todo o Império e decretando a liberdade irrestrita de culto para todos, sem exceção -- mesmo que chamasse os cristãos de "galileus" e desprezasse suas igrejas como sendo "ossários", pelas relíquias de santos nelas contidas, não os proibiu de nada, exceto de perseguir as outras religiões (o que, para o fanatismo deles, já era opressão demais...).
Já comentei antes que essa obsessão pela exclusividade de devoção que caracteriza o Ciumento e seus devotos, cristãos ou islãmicos (os judeus, misteriosamente, desenvolveram imunidade natural ao vírus proselitista) nunca deixou de existir, como as notícias de terreiros dos cultos afro-brasileiros vandalizados por evangélicos a mando de seus pastores ignorantes, ou o que as milícias como o Taleban ou o Estado Islãmico fazem com qualquer coisa ou pessoa que pareça contrária às suas crenças; mais cedo ou mais tarde, teremos que tomar uma atitude contra isso, quanto mais não seja para nos defendermos, e às nossas crenças, de ataques, ameaças e mesmo da aniquilação total.
Neste dia, se for da sua vontade, acenda uma vela por Juliano, Hipátia, e pelas miríades de pagãos antigos que lutaram para defender seu direito fundamental à existência, liberdade de culto, associação e expressão, e que, estando na própria origem da civilização ocidental moderna, e assim sendo os criadores do conceito tão "moderno" e tão pouco exercido da Democracia, são responsáveis por podermos viver (e re-viver) nossas fés e falar livremente delas, neste blog e em toda a parte -- e prepare-se para defender estes direitos para as gerações futuras!


Um comentário:

Luciana Onofre disse...

Lindo! Simplesmente isso!