terça-feira, 11 de novembro de 2025

Um Prometeu Moderno?


É um filme do Guillermo Del Toro.
Nas suas palavras, o filme que ele nasceu para fazer.
Todas as suas características tradicionais -- o visual suntuosamente gótico-chic, a profunda humanidade dos monstros em contraponto à crueldade humana -- levadas às últimas consequências na mais nova versão do imortal conto-desafio de Mary Shelley.
Que, 210 anos depois, continua a levantar seu espelho sombrio diante da face da civilização moderna e sua ânsia de romper com os assim percebidos limites impostos pela Natureza.
O título deste texto é uma interrogação meramente retórica, porque obviamente, apesar do subtítulo original do conto, Victor Frankenstein NÃO é Prometeu: onde o antigo Titã amava a obra de suas mãos a ponto de se sacrificar para garantir sua dignidade e liberdade diante dos Deuses ciumentos, o arrogante barão rejeita sua criação porque ela não tem a narcísica perfeição que ele desejava, e ele não tinha a devoção e a paciência necessárias para educar a Criatura, nem mesmo acreditava que isso fosse possível. 
Então, Victor é o anti-Prometeu.
Mas, de um ponto Celta de vista, ele também é o anti-Miach: ousou violar as leis naturais, e criou um ser que nem balas, facas ou fogo podem destruir, mas diferente do filho de Dian Cecht ele reconhece no final seu erro como sua responsabilidade e pede perdão à vítima de sua arrogância.
Victor é na verdade o Fausto moderno, o que buscou poder e conhecimento além da medida sem procurar a sabedoria necessária para exercê-los sem causar o mal, e no processo apostou, e perdeu, sua alma.
E porque esta era tem inúmeros sucessores dele, os Frankensteins modernos, o tempo dos horrores está apenas começando. 

(PS: VÃO VER !!!)